sábado, 2 de maio de 2020

Tanque seco



Em Maio de 2018 o Brasil viveu um período conturbado entre os dias 21 e 30 daquele mês, durante o governo do presidente Michel Temer.

O estopim para a greve de caminhoneiros autônomos (Crise do diesel), foram os reajustes frequentes e sem previsibilidade mínima nos preços dos combustíveis, principalmente do óleo diesel, realizados pela estatal Petrobras com frequência diária, pelo fim da cobrança de pedágio por eixo suspenso e pelo fim do PIS/Confins sobre o diesel.

Milhões de brasileiros, entre eles eu, desconheciam os detalhes geradores da crise, mas a sentiam na prática.

Em postos de combustível no Brasil, abastecer é até mais confortável do que nos Estados Unidos, onde para abastecer você precisa descer do carro, inserir o seu cartão de crédito, desengatar o injetor e abastecer. Já em nosso país, não temos a cultura do autoatendimento e contamos com o serviço de funcionários para isso, bastando entregar a chave, pagar e seguir viagem sem sair do conforto do banco. Algo rotineiro assim virou ‘passado’ na crise, e passamos a enfrentar filas enormes para abastecer, ou deixar o carro na garagem para usar o transporte publico, aulas foram suspensas, empresas fechadas, milhões de animais morreram por falta de ração, supermercados beiravam o vermelho no estoque, enfim, o caos parecia estabelecido.

Os nove dias de tumulto pareceram muitas semanas, em função dos transtornos causados, mas lembro que ao fim daquele período, o simples exercício de olhar para o odômetro, concluir a necessidade de combustível, escolher um posto, entrar e ter à espera o prestativo trabalho de um colaborador local, me traziam o alívio de ter de volta aquele serviço tão essencial e básico de nossa rotina.

Nosso olhar também foi voltado em especial para o caminhoneiro, trabalhador que quase literalmente leva o Brasil sobre seus eixos, sem o qual a nação para.

As coisas que nos cercam não são perenes, é preciso dar valor a todas as pessoas que desempenham as mais diferentes atividades e que nos possibilitam, pelos recursos que produzem e pelo serviço que prestam, conviver em sociedade.

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