Era 2001, quando num período de carnaval, viajei com um grande grupo de
amigos ao Vale do Ribeira em São Paulo, região que faz divisa com o
Paraná. Participávamos de um retiro da folia, em meio a uma
natureza exuberante na cidade de Sete Barras. Naquela pequena
comunidade, era habitual ver os moradores em seu cotidiano: homens
ostentando chapéu de palha e conduzindo seus cavalos, donas de casa
“janeleando”, crianças correndo molhadas de um refrescante e
divertido banho de rio.
Lembro
das coisas que fizeram daquele lugar, um bom motivo pra voltar mesmo
depois de tantos anos: iogurte caseiro feito com leite da fazenda, em
nada comparado com o que se compra em supermercados, céu limpo de
poluição permitindo uma nítida imagem da Via láctea com um número
incrível de estrelas, impossíveis de ver na região metropolitana
em que nasci, o frescor das doces e frescas águas de rio tão
desfrutadas por aquelas crianças serelepes, o cheiro de mato e ar
limpo, o silêncio noturno quebrado apenas ocasionalmente pelo ruído
de alguns poucos carros e a cadência da marcha de cavalos e seus
cascos ao solo.
Mas
na vida, nada parece fugir ao fato de que tudo tem dois lados e
naquele sossego de interior, após andar por trilhas que margeavam um
belo e caudaloso rio, fiquei frente a uma cena de horror, que embora
seja comum na cadeia alimentar humana e no dia a dia de homens do
campo, me causou profunda tristeza, repulsa e senso de impotência.
Com as patas amarradas por grossas cordas e um olhar de horror, um
novilho era mortalmente golpeado por uma faca imensa e afiada,
debatendo-se e tremendo em uma imensa poça de sangue. O assassino,
sim, assassino não há outro nome, parecia se divertir junto a outro
grupo de companheiros, com o único objetivo de que o animal morresse
logo para que eles obtivessem o que queriam, e olharam a mim e a meus
amigos que naturalmente se assustaram com a cena, como se fossemos
fracos e eles fortes pela consumação daquela horrenda tarefa.
Hoje
essa prática ainda é comum pelo mundo afora, mas é pequena,
comparada a grande indústria agropecuária, que autoproclama um
abate rápido para o gado de corte, uma alardeada “humanidade”
para com os deliciosos e rentáveis animais de seus rebanhos. Sabemos
que há muita propaganda e nem sempre grande efetividade no que se
diz por parte desses grandes industriais.
O
fato é que nos banqueteamos com o cadáver de animais, dos mais
diferentes portes e raças sob o pretexto de que o corpo humano
depende, desse tipo de alimentação. Não vou entrar na discussão
do certo e errado, e sim na reflexão que me permite este blog e a
livre escrita que materializa ideias e opiniões.
Não
sou vegetariano, mas por muito tempo adotei o vegetarianismo e
confesso admirar essa forma de viver e comer. A sensação de corpo
limpo de impurezas e vitalidade, são notórias, ao contrário do que
pensam muitas pessoas que pensam que vegetarianos come apenas ‘mato’.
Não sinto falta de carne de nenhuma espécie, embora ocasionalmente
apareça no cardápio.
O
presente texto, visa apenas uma reflexão, longe de pretender
moralizar o discurso ou incomodar a você meu caro leitor, fala-se
aqui apenas da forma como observo a pauta em questão.
Penso
que nenhum prazer à mesa justifica a dor de uma vida inocente.
Minhas resoluções nesse sentido, seguem em curso.
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