sábado, 23 de novembro de 2013

NO QUARTEL

Esse é o antigo 2º BC (Batalhão de Caçadores) de São Vicente:
 
 
Hoje Batalhão de Infantaria Leve.
 
No fim dos anos 90 eu estava em "idade militar" e embora eu não quisesse servir às forças armadas por ter planos de trabalho, acabei por passar um breve período nesse quartel.
Foram várias as situações inusitadas, que quem sabe posso contá-las em outro momento mas, ao menos hoje, conto uma delas...
Para a seleção militar é necessário passar por alguns testes de aptidão física e mesmo sem querer "servir" me esforcei pra passar em todos eles (e aos 17 anos, a gente 'se acha' né?).
Um das atividades a serem realiadas era percorrer 4 voltas em uma pista de dimensões olímpicas (ou semi, não lembro ao certo...),
 
(foto de satélite da pista em que corri entre 1997 e 1998)
 
 sendo que ao passar pelo oficial responsável pela prova de pedestrianismo, era necessário bradar o número que nos identificava - o meu era 17.
Ao fim da contagem regressiva, hora da verdade. Na largada saio entre os primeiros, mas ao virar a primeira curva, percebo que a pista é maior do que meus olhos 'enxergavam'... Ainda sim, estou indo bem...
Ao passar pelo oficial na primeira vez, grito com confiança: "Dezeseteeeeeeeeeee"...
Na segunda volta, percebo que o grupo da frente do qual eu fazia parte, vai ficando mais distante mas ainda estou na corrida, sendo assim ao passar pelo oficial na segunda vez, meu grito ainda é forte mas mais cansado;
Na terceira volta, misturam-se cansaço e frustração, mas estou correndo ainda e não sou o último (o que já é alguma coisa!!!) e na terceira passagem pelo militar à minha frente, o mesmo já percebe minha quase exaustão;
Na quarta e bem aventurada volta (a última para o consolo do meu 'psicológico'), reduzo drasticamente a velocidade e tenho vontade de parar, mas motivado por serem os instantes finais, persisto, porém noto que para alguns colegas a corrida já tinha acabado e para outros, faltava muito ainda, mais do que para mim...
Na última curva em direção à reta, o oficial me parece mais distante do que antes (quem já não passou por coisa parecida não é mesmo?)  e ao dizer meu número pela útlima vez esbocei algo que parecia meus primeiros aprendizados sobre separação silábica: "DE...ZES...SE.............T.....................E" (risos)
Hoje, ao lembrar-me disso, penso naquelas situações da vida em que, saímos na dianteira em algumas coisas, de forma esbaforida e eufórica e acabamos perdendo o pique, porque assim como o aspirante a militar que eu era àquela época, sem o devido preparo (eu não tinha hábitos de atividades físicas regulares) logo ficava evidente que não poderia estar no "pelotão de elite". Embora eu não tenha ficado em último, fiquei muito aquém do primeiro lugar.
Naquele dia o garoto que ganhou a corrida, ficou tão empolgada com a sua façanha pessoal, que no entusiasmo, gritou para o militar: "Eu sou o filho do ventooooooooo!!!" e quando alguém poderia pensar que o nobre homem do exército, fosse se irritar ante a ousadia do moleque, deu um grande sorriso e acenou positivamente com a cabeça...
Naquele dia enquanto caminhava após essa corrida, fiquei fazendo uma auto-crítica e pensei: "Se de hoje em diante eu quiser ser primeiro nas coisas, tenho que batalhar por isso"
É verdade que existem pessoas para as quais parece que as coisas vem muito fáceis, mas são raras e não servem de modelo, não inspiram, não motivam, não ensinam ninguém... Geralmente, são como árvores de raízes pouco profundas, e ao virem as fortes rajadas de vento, cairão!!! Porém, se aprendermos a galgar nossas vitórias, se saborearmos cada pequena vitória que somadas a tantas outras, nos trarão o apogeu idealizado, aí sim nada e ninguém poderá nos furtar essa conquista. Mas se ainda sim, formos privados do que conquistamos, mais uma vez podemos nos levantar e recomeçar, porque já conhecemos a "pista" e sabemos que podemos vencer...
Basta estar pronto!!!
 

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