sábado, 26 de outubro de 2013

A AGULHA


 

Há alguns meses passei por um dilema doloroso. Meu pai operava uma das máquinas industriais que temos e a agulha cravou seu dedo indicador. Situação como essa é tão repentina que quando nos damos conta, já existe o mal feito. A questão era - como tirar a agulha e salvar o dedo sendo que não havia espaço pra isso??? Em casos assim você procura frieza de algum lugar pra lidar com a situação...
Desliguei a máquina e então comecei a calcular o que fazer enquanto ele chorava de dor e claro, se dói no meu pai, dói em mim também... Então, eu tinha que girar o disco que comanda a corrente que por sua vez comanda a agulha pra inverter sua rotação e livrá-lo da agulha, e isso não era simples porque um simples toque multiplicava sua dor... E agora como girar o disco??? Tenho uma visão privilegiada e sendo assim, comecei cuidadosamente a movimentar aquele rotor e pra infelicidade do meu pai, ainda errei e furei um pouco mais seu dedo, imediatamente consegui reverter o processo e libertá-lo daquela dor que sequer posso supor como era, mas por certo era agonizante... No rosto dele rolavam lágrimas grossas pelo trauma e também pelo alívio!!!
Penso que mesmo sem querer fazemos isso a quem mais nos ama, nos respeita, nos tem em grande estima e consideração... Causar dor, quando muitas vezes pretendemos o contrário é humano, faz parte de nossas tentativas de fazer certo, embora isso não deva nos servir de base para justificar atos errados, é de nossa condição como espécie. Mas, uma vez que tenhamos errado para com aqueles que jamais mereciam nosso desapreço, tenhamos em conta que eximir-se através do perdão é libertador e serve de bálsamo às feridas que provocamos a outros...


sábado, 19 de outubro de 2013

"BOA NOITE NÃO"

Aqui no edifício do Centro de Mídia da Universidade Adventista de São Paulo fiz programas de rádio ao vivo e on-line... Lembro de um fato curioso que passei nos estúdios de rádio e tv nesse prédio... Eu era calouro de jornalismo, e achava que por ter tido experiência em emissora FM, poderia comandar com tranquilidade um programa "all news" (formato exclusivamente noticioso)... Puro engano, misturei os estilos e na volta do intervalo do bloco de notícias, cumprimentei os ouvintes novamente com um "boa noite"... do outro lado meu professor gesticulava "danado"... "Nããããããããããããooooooooo 'boa noite' de novo nããããããããããããooooooooooooooo"... Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk... aprendi uma lição preciosa naquele dia... "Por melhor que você e eu sejamos "bons" em algo... nunca, eu disse "NUNCA", sabemos de tudo... E para passarmos por tolos, basta reduzir o nosso auto senso crítico... Hoje se eu alguém me diz se sei de algo, digo que "estou aprendendo".

sábado, 12 de outubro de 2013

A TARTARUGA

Andando pela areia da orla de Santos, que por sinal estava bem sossegada, vi a uns 30 metros, uma tartaruga marinha daquelas enormes que parecia estar saindo da água naquele momento... Enfiei a mão no bolso pra encontrar o smartphone rápido pra não perder a cena... Só pra me frustrar logo depois e perceber que o último bip que eu tinha ouvido não era sms e sim a bateria dando "adeus"... Mesmo assim
me animei e corri pra, pelo menos, admirar a beleza fantástica daquele animal... Talvez num raio de 100 metros não havia mais ninguém, assim fiquei a vontade pra me aproximar... Percebi que ela tava paradinha com a cabeça erguida e imponente como se estivesse olhando o mundo fora d'água com curiosidade... A água quebrava em seu casco continuamente... Só que algo me chamou a atenção... Havia um filete de sangue que saia da lateral da cabeça... Chocante olhar pra ela e perceber então que estava morta, parecia viva, majestosa, linda mas já não havia nada a fazer... Ainda fiquei olhando um tempo pra ela, compadecido da cena... "Que pena" - divagava eu nos meus pensamentos... Ainda triste comecei a me afastar, mas não olhei pra trás até tomar certa distância... Só então quando sua imagem era apenas um ponto distante naquela faixa de areia foi que vi, ávidos urubus começarem a despedaçá-la... Nem preciso dizer que uma bela tarde de descanso e contemplação aos pés do mar, acabou com meu dia... Esse caso parece com a vida que muitos de nós levamos, parecemos vivos, cabeça erguida, olhar altivo mas... Estamos "morrendo na praia"... O problema além disso, são os muitos abutres que nos cercam... Talvez em muito dependa de nós, sermos dilacerados ou não, mas vale lembrar que "aves carniceiras" NÃO se alimentam de seres "VIVOS"... 
Tenha uma vida muito feliz!!!

sábado, 5 de outubro de 2013

ESTRELAS

Em uma noite recente, dei uma olhadinha para o céu e quando me dei conta já estava ali há algum tempo admirando o firmamento... E num momento desses raros de contemplação nesse cotidiano agitado, logo após isso eu corri para o computador para escrever as palavras a seguir, como modo também de não esquecer uma noite tão bonita... E o resultado foi esse:
 
 
"De onde estou agora, posso ver algumas lindas estrelas... o céu não é tão limpido quanto eu gostaria mas, anda sim os luzeiros celestes brilham de forma única... Passamos a vida numa correria tão louca, somente olhando para os lados e para frente, que acabamos deixando de olhar para cima... Aahhh!!! Quanto sossego e paz, um pequeno punhado de estrelas 'salpicadas' pelo criador na imensidão do cosmos, nos ofertam... Quisera eu capturar esse momento que ultrapassa o lúdico... Mas não há pincel, nem tinta ou muito menos a digitalização da cena, que crave mais fundo no meu coração, do que a beleza fulgaz deste momento... O céu pode ser o mesmo pra mim e pra vc, mas o nosso olhar diferencia o quadro... Pena que há muitos que olham apenas para baixo... Aproveite sua semana... Olhe mais pra cima!!! Linda noite pra você"

Uma história contada por meu pai

  Acho interessante quando, mesmo em meio a era da internet de alta velocidade, com todas as inovações por ela trazidas, pais ainda contam ...