A cada ano, a pergunta se repete: Onde você estava em onze de setembro de dois mil e um? Ao chegarmos em dois mil e vinte, alguém com menos de dezenove anos de idade não terá o que responder mas alguém com quarenta anos mais ou menos, provavelmente se lembre.
Eu tinha vinte e um anos.
Naquele dia eu estava saindo do escritório da empresava em que eu trabalhava e ao chegar numa esquina próxima, onde havia uma árvore muito alta ouvi alguém dizer que um avião havia se chocado com um prédio em Nova York. É claro que me causou espanto, mas nada comparado a instantes depois ouvir que uma segunda aeronave havia colidido em um edifício vizinho e associado a esta segunda informação, ouvi pela primeira vez, ao ver os diversos aparelhos de TV repercutirem ao vivo, pela primeira vez a palavra ‘terrorismo’ sendo associada a esse evento.
Pouco depois, aquele dia se revelaria ainda mais aterrorizante nos plantões de notícias: outra aeronave se chocando no Pentágono, sede militar norte-americana e mais uma caindo na Pensilvânia.
Todos aqueles quatro voos tinham como destino a ensolarada Califórnia na costa oeste do país: Los Angeles e São Francisco eram as cidades a que chegariam os aviões, caso aqueles dezenove sequestradores não houvessem dizimado tanto a tripulação, passageiros, quanto os trabalhadores das duas torres do World Trade Center.
Com o passar do tempo e conforme as investigações iam avançando, informações chocantes vinham ao público: a luta dos passageiros do voo 93 da United para dominar os terroristas, as palavras de despedida dos passageiros por meio de seus telefones celulares enquanto as aeronaves rumavam para as torres gêmeas do WTC… Cada vida perdida em solo ou no ar, causava a reflexão: “E se fosse eu ali?”
Dezenove anos depois, ainda penso sobre isso…
A verdade é que como sempre na vida, achamos que o controle da vida está em nossas mãos… Nada é tão enganoso como pensar assim. Nenhuma daquelas pessoas fazia a menor ideia de que seus voos jamais aterrissariam, nada além de que estariam logo em breve chegando a costa oeste pra seguirem suas vidas, fazia parte de seus planos para aquela manhã.
Gosto de fazer reflexões que embora pareçam óbvias, desafiam nossa arrogância de gerência total sobre nossas vidas. Penso que nossa vida só não é melhor do que ela poderia ser porque costumamos procrastinar as mudanças que seriam vitais para uma vida mais produtiva, feliz e que fizesse diferença na vida daqueles que ficariam depois…
Aqueles terroristas destruíram a si próprios e também a milhares de pessoas. Há corpos que nunca foram encontrados, pois foram totalmente desintegrados; no entanto, muitos ali apesar de terem se transformado em cinzas, continuaram fazendo a diferença na vida de suas esposas, maridos, filhos, netos, irmãos, amigos, etc… Pois antes de embarcarem, haviam construído e edificado suas vidas em valores que não se desintegram pela violência mas se solidificam e eternizam pelo amor.
A cada vez que preciso de embarcar num voo eu lembro disso e fico feliz a toda vez que chego ao meu destino mas também penso no que ficará da minha vida para os outros, caso eu não chegue ao meu destino programado e claro isso se refere a todos os outros “voos” da minha vida. E quanto a você? Se seu “voo” for desviado da rota original, o que ficará de você?