Fernando Pessoa, o ilustre poeta português mas tão presente na cultura brasileira, imortalizou na literatura: “navegar é preciso, viver não é preciso”. Ao dizer isso, Pessoa não desprezava o valor da vida, mas enfatizava que para navegar é necessário planejamento, cálculos, entre tantas outras coisas, porém, na vida nem sempre há precisão, sendo que muitas vezes ela é imprecisa, surpreendente, imprevisível…
Tomo a liberdade a partir daqui, de parafrasear o autor lusitano e digo que “mudar é preciso” não apenas no sentido da necessidade mas também no sentido da exatidão. A vida pressupõe movimento e este por sua vez demanda mudança, seja no tempo, no espaço ou em ambos.
De modo prático, não estar disposto a mudança leva a nossa vida a um ponto inercial e improdutivo. Agarrar-se ao que conhecemos, como que fugindo das mudanças que certamente trazem o desconhecido, um dia nos porá frente a situações nas quais não saberemos como agir.
Recentemente, após muitos anos, mudei de casa, indo morar a milhares de quilômetros em distância. A mudança não foi apenas da região em que morava, mas da vida que eu tinha. Foi uma mudança necessária e muito importante no meu crescimento pessoal e de minha família também. Hoje, eu encaro as mudanças da vida como inevitáveis e transformadoras, nem sempre elas são fáceis mas por serem factíveis na vida, demandam de cada um de nós uma decisão do que fazer quando estamos diante delas: ou nos adaptamos a elas e crescemos num contexto de “360 graus” ou esmorecemos e quedamos silentes, aterrorizados, confusos e talvez até depressivos.
É verdade que é mais fácil falar do que fazer, mas também é verdade que mudanças podem ser oportunidades maravilhosas de fazer a nossa vida tão plena como sequer poderíamos imaginar um dia.
Dizem que toda viagem (aqui significando mudança) começa com um primeiro passo, e é verdade, mas eu entendo que uma viagem, seja ela de que tamanho for, começa um pouco antes: nasce dentro de nós, em nossa decisão.
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